domingo, 26 de dezembro de 2010

Soda

Um sofazinho.
Televisão ligada rádio ligado micro-ondas geladeira cafeteira de passar roupa.

Presentes da vida moderna.
A consciência empática se vai, subalterna.

Deitado, prostrado com câncer na vida.
Câncer de próstata.
Ou no útero da existência.

Micro-ondas causa câncer.
Câncer nas células falando pelo celular.
Oceano eletromagnético da vida moderna...

Eletromagnetismo da aura.
Esse................................................ sumiu!
Sobrou só soda.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Vendaval

A chuva cai em alto mar.
Em um lenço, alguém chora.
Sob o Sol passa um vendaval.

Eu quero é mais! E vou atrás
de um céu mais límpido, de azul diamantino,
por aonde a luz passe, e nos revele a imagem
que a chuva esconde, e está além do horizonte.
Fonte inesgotável que nutre essa imagem,
a imagem do paraíso,
a morada do meu sonho, sonho de um imensurável amor.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Tempos cãos e/ou pássaros

A lagartinha anda no chão de lama.
E a abobrinha se fala no chão de som.


Sons... aturdem a mente.
Deus reclamando nos seus ouvidos
sobre como a Sua criação
tornou-se de um deletério saliente.
Tons que não são lidos,
mas sentidos na frustração.


E o passarinho...
nunca mais pousou aqui,
deixou os pais, o ninho.


Mundo cão...
criar vida nova...
Vida valiosa,
todavia em vão.


Fisgou a lagartinha,
logo ela que era muda,
ao contrário de Deus.




Dores interminÁveis... d.e. ca..be..ç.a
                                                         a
                                                           a

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Miragem astral

A terra cheia de folhas.
Vermelhas, amarelas,
uns remanescentes verdes do verão.

O céu escasso.
Mal se vê a luz que invade,
sutil, a atmosfera gelada e úmida.

Mergulhei na umidez
da floresta enterrada,
cova soterrada pelo ciclo de estações.

Há um lago
de espíritos de floras
abaixo do manto opaco da visão.

Está em todo lugar.
No céu, na terra, no luar...
O Sol é espelho que reflete minha vida.
Espelha e amplifica impulsos da noite.

Voltei à superfície
da floresta fantasma.
Espíritos de floras refletidos nas nuvens.

Vento de assovios,
derrama folhas no solo,
que escondem sob a terra
os remanescentes de uma vida negra,
já pálida primavera.



sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A Pocket Size Sun

I came so close, so near
That I almost got out of my shell
When a pink coloured vision did appear
A girl with something to sell

The girl offered me a pocket size sun
I beheld its innocent smile
She said "If you wanna have fun,
It will take you to heaven for awhile"

An inch from the blue skies ceiling
I was touched by her careful fingertips
With the sun we shared our feelings
And I finally kissed her ruby lips

She started to sing a lullaby
Origined from ancient Senoi
"In dream's realm can no one die
Sleep safe my little boy"

The sun cut my eyes like a dropblade
Drew elsewords in the sand
My memories began to fade
And did suddenly slip through my hands

In the sand I found two wonderful shells
As Like as two peas
And I thought I could hear the sound of bluebells
Behind the roaring seven seas...


domingo, 14 de novembro de 2010

A Busca

Avante através dos desertos glaciais!
Enfrento as serras e desfiladeiros,
cavernas e mares abissais.
Vôo onde o céu já escurece.

Florestas, cerrados, tundras,
desertos de pedra, gelo ou dunas,
céus, mares, montanhas...
tudo já percorri.

Mas a vida não é uma paisagem.
O inferno é muito mais que o vermelho do fogo.
Não é preciso enxergar pra se perceber vivo ou morto.

A viagem não me completou.
Não dividi com ninguém a conquista.
E agora acabou... o que buscar doravante?

Invejam minha jornada,
e muitas almejam colher frutos comigo.
Mas não reconheço em ninguém
o semblante da rainha
que governará o nosso universo.

E a Busca se desconstrói.
Já escolhi todas as virtudes dos quatro cantos.
Desde então, o que me corrói tanto
é não ter com quem comemorar o meu retorno.
Nenhuma harpa dedilhou sequer um verso.

Findarei. Aguardarei. Dormirei sob a noite,
ao passo que novas constelações emergem do horizonte
e velhas constelações sucumbem dos céus,
conforme o ano se desdobra pelos pergaminhos estelares.

domingo, 7 de novembro de 2010

Do trabalho, da razão e da natureza

          Qual é o lugar do homem no mundo, a natureza? O ser humano é completamente diferente dos outros seres vivos, é algo nunca antes presenciado no universo. Ele é racional, sua natureza é seu "logos", como já dizia Aristóteles. Isso tem uma consequência, ao mesmo tempo, fantástica e aterradora: ele deve construir seu lugar no mundo, na natureza, e não simplesmente encontrá-lo para desfrutar. Há de se trabalhar para erguer a si e à humanidade a glória de se estar um patamar além da própria natureza. Fantástico e aterrador.
          O trabalho exige cooperação. O emblema mais proeminente da História Antiga resiste até nossos dias devido ao trabalho de uma civilização inteira. As pirâmides egípicias e a esfinge ainda resistirão pelos séculos dos séculos. Exemplos atuais de cooperação bem-sucedida são as empresas que se organizam e se associam em prol de uma causa comum a fim de proporcionar a si mesmas e ao resto do mundo uma estadia mais digna na Terra através das inovações, produtos do processo.
          O trabalho tem a si mesmo como principal produto, apesar das conquistas decorrentes. Emprego falta, mas trabalho não. Com a explosão tecnológica no século passado, temia-se a mecanização majoritária do trabalho. Pelo contrário, atualmente nós vemos os horizontes de possibilidades se abrindo, tendo o conhecimento, o "logos", como principal motor. As áreas de pesquisa são almejadas como nunca. O ser humano pode vencer o desemprego através do estudo e do empreendedorismo. Basta dos governos o incentivo, o que não se vê satisfatoriamente no Brasil.
          A capacidade e a inventividade humanas são fantásticas. Entretanto, em qualquer época foi, é e será aterrador considerar um certo fator do ser humano: ele é falho. A sua principal falha, muito mais deletéria que as demais, é a sua vontade tentadora de trocar o avanço da humanidade pela ascensão singular de si próprio. Isso não é humano, é sub-reptício! A escravidão, por exemplo, corrompe definitivamente a dignidade do indivíduo. Destruindo o indivíduo, destruindo sua humanidade, é destruída a humanidade e seu lugar no mundo.
          Nosso "logos" nunca será perfeito, portanto o terror sempre existirá, mas certas falhas podem desaparecer da face da Terra. Deve-se conhecer as consequências globais de seus atos. Deve-se aperfeiçoar a razão. Longa vida à educação!

sábado, 23 de outubro de 2010

Canto de um pássaro

Canta pássaro forte!
Canta até a morte!
O pássaro que canta agora
canta a vida da nossa sorte.

Lá se vai lá...
pra nunca voltar,
sem olhar pra trás.
É o nosso herói,
o pássaro capaz.

Vai voar, vai voar,
o pássaro do nunca mais.
O adeus se faz, voltar jamais.
Foi-se embora, a morte lhe cai.

Onde estás, teu corpo jaz.
Tu'alma vai pro além-mar.

Canta pássaro forte!
Canta até a morte!
O pássaro que canta agora
canta a vida da nossa sorte.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Gramado sob a Lua

A noite a brisa,
a grama o orvalho.

Deitar no coração da Terra
e possuir o inalcançável.

No universo da mente
estrelas são noivas enfeitadas.

E a Lua... ah! A Lua!

A noite, a brisa...
A grama, o orvalho,

a Lua, apenas eu e ela.
Está no céu, está ao meu lado.


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sábado, 9 de outubro de 2010

Letras na correnteza

Pra onde?
Ele vai andando nas cordas.
Procura uma nota no fim do caminho.
Não sabe, porém, que seu caminho
já trilhou toda a escarlate melodia.

Ele vai planando pelo ar.
Há dia sobre o vasto oceano.
O longínquo além confina a luz,
por baixo de panos dourados e de íris celestes,
da presença dela.

Mas a vontade dele
não é mais que um vidro quebrado,
tão frágil quanto o amor dela,
que se esgota e se desmancha.

Seria tudo isso
apenas uma mancha que se limpa?
Seria toda essa música
apenas palavras em nuvens?

Ele pressente que mais um ciclo
se findará em sua vida.
Que foi apenas uma vã epifania.

sábado, 25 de setembro de 2010

Pena

Multicolor,
de leveza transparente.
Uma lágrima colorida,
emblema de asas cinzas.

Só se vê o monocromático.
Não se ouve o levitar da ave.

Uma asa que só afoga.


















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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Engenharia Solar

Cresce verde o espinafre.
Houve de ser regado por água fresca.
Como o céu e o mar, espelhos azuis,
tem produto verde tão sem sintaxe?

Natureza, me deixas besta!

O verde, o azul, o vermelho,
o ultra-violeta, o infravermelho...
as cores se fundem e nos chicoteiam a cada beijo.

Ó, branco divino!
És produto da suprema parafernalha!

Mas nem em tão ascendente luz,
meu fascínio soturno se reduz.
À luz do nada é que se manifesta,
sem escrúpulos,
a poesia que se faz em mim indigesta.

Completamente dispensável, porém necessário.


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terça-feira, 14 de setembro de 2010

Vontade de voltar

Onde o larguei?
Deixei-o tão só...
Sim, só. Só faltei eu.
Faltei para mim. Tudo bem pra ele.

Por quais pescoços rolou?
Quais corpos mirou?
Meu pingente está vazio.
Está agora noutro cordão.

Pedra verde como íris,
troquei-a por qualquer medalhão.
Como pude? Arruinei a flama de minh'alma,
não tendo ela outra casa pra incendiar, pra fugir.

Meu pingente agora está perdido.
Perdi-o em outro universo,
e um universo se perdeu em mim.
Para sempre.

Sei o que não fiz para me casar com sua preciosidade.
Não sei o que farei para repor esse pedaço do meu ser.


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domingo, 15 de agosto de 2010

Zodíaco

O Círculo Máximo do destino,
Zodíaco é palavra de lei.
Define até a postura do rei.


Em Áries habita o terror.
Sangue borbulhante de quentura.
Hamal já deflagra a guerra
que destronará o senhor.

Touro, a força.
Aldebaran impera em seu espaço.
O que é do Touro,
dele ninguém tira.

A inteligência de dois em um
representa o esplendor dos Gêmeos.
Pollux e Castor juntos - imbatíveis.

Não há escudo melhor
que a carapaça do Câncer.
Tarf é a governanta da constelação.

Na próxima casa achamos o Leão,
o Caesar da Roma celestial.
Regulus já se mostra em esplendor,
a defender qualquer ameaça ao reinado.

Em Virgem encontramos o encanto,
a perfeição do ser imaculado.
Com pureza de brilho,
a alfa Spica se esguia pelo céu.

Mesmo no Zodíaco é necessária a Justiça.
Ninguém melhor que a Libra pra
equilibrar os horizontes.
Zubeneshamali é a estrela-guia.

Logo após, vem a surpresa.
Encontramos a Magnitude, ela mesma.
Nas garras do Escorpião conhecemos
as garras do artista dos céus.
Antares é o coração do Escorpião.

Sagitário é seu caçador.
Com a Sagita, não tem vez pra Órion.
Em Kaus Australis
encontramos sua precisão.

No Capricórnio reside o telúrico.
O magistral escalador de montanhas.
Deneb Algiedi é seu presente
aos necessitados de perseverança.

Um recipiente, prospectos do futuro.
O Aquário é divino em seu plano.
Sadalsuud é refrator de sombras.

Na última casa, o último signo.
Vai nascer num Erídano de lágrimas.
Os Peixes nadam pelos céus,
embarcados na Alpha Piscium.


No Círculo Máximo do destino,
doze cavaleiros seguem as trilhas do Sol,
e nos revelam a sorte de multidões de desabrigados,
muito além do horizonte,
muito além de tufões e furacões.

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Há, ainda, uma décima terceira constelação no Zodíaco, entre a Libra e o Escorpião. É o Ofiúco, o artista de serpentes, talvez que nem aqueles encantadores que se vê em filmes. Sua estrela alfa é Rasalhague.

Espero que tenham gostado desse pequeno passeio!!!

sábado, 31 de julho de 2010

O Malandro

Só no sapatinho...

TUm ca ti ca TUm ca ti ca
blém...           blém...

TUm ca ti ca TUm
                             E ele se en|to|pe
                                             TUm ca ti ca TUm

com a caipi|fru|ta
                 TUm ca ti ca TUm ca ti ca

e dança em |ci|ma
                  TUm ca ti ca TUm

da última sí  -   la-ba
              TUm ca ti ca TUm

desse po|e|ma.
            TUm ca ti ca
                                                |                     |                    |
E vem a quebra de compasso! - Tan Tan, Tan Tan Tan, Tan Tan

E o hômi |pe|ga
              TUm ca ti ca TUm

seu cava|qui|nho
             TUm ca ti ca TUm

e serpen|teia|
             TUm ca ti ca TUm

um bom cho|ri|nho.
                  TUm ca ti ca TUm
 
    |                       |                        |
Vrem qui ne qui Vem qui ne qui Vrem

E o povo |vem|
                VEm qui ne qui Vrem

obser|var|
         VEm qui ne qui Vrem

o pai Fran|cis|-
               VEm qui ne qui Vrem

-co humi|lhar|
              VEm qui ne qui Vrem

    |                       |                        |
Vrem qui ne qui Vem qui ne qui Vrem                |
                                                  TUm ca ti ca TUm ca ti ca TUm

Chamou aten|ção|
                     TUm ca ti ca TUm

De todo |mun|do
              VEm qui ne qui Vrem

E até |mes|mo
         TUm ca ti ca TUm

Da poli|ça|da.
           VEm qui ne qui Vrem

Os cana |vei|o
              TUm ca ti ca TUm

findar a gan|dai|a,
                  VEm qui ne qui Vrem

levar em|bo|ra
            TUm ca ti ca TUm

aquela |lai|a.
          VEm qui ne qui Vrem

E os pandei|ris|tas,
                 VEm qui ne qui Vrem

já tudo es|per|to,
              Vem qui ne qui Vrem

Meteram o |pé|,
                 VEm qui ne qui Vrem

só sobrou chu|lé|.
                     VEm qui ne qui Vrem

E o pai Francisco,
                  VElelelelém

na sua dormência,

nem viu o povo,
               VLÉÈÉÈm

em debandada.

Sobrou pra ele,
                   ...
as porretadas.
             TUm
Seu blazer branco
                 TÁ
ficou molambo.

E assim acaba mais uma farra na Lapa. O glorioso caído atrás duns carros com o cavaquinho de corda arrebentada do lado e uns caquinhos de copo por perto. Bonitão, tomou muita da boa, sonambulou acordado, tomou muita da má, ficou molambão.


"Pai Francisco entrou na roda
Tocando o seu violão
Bi–rim-bão bão bão, Bi–rim-bão bão bão !
Vem de lá Seu Delegado
E Pai Franciso foi pra prisão."


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sábado, 24 de julho de 2010

Morte, remédio da Vida.

          Sonhei com a morte. Seus lábios viçosos se arrastaram em meu corpo. Pensei que fosse uma picada de mosquito, mas era a agulha enterrada em minha veia. Sim... eu já estava dormente. Meus sentidos pendurados no desfiladeiro - as luzes se apagando... o último raio de Sol se pondo no horizonte. Já não sentia o cheiro do ar, eu já me sufocava com a correnteza de minha vida, desperdiçada. Deitado na maca, era carregado por homens de branco, talvez para a recuperação, talvez pro caixão.
          Me levantei e saí vagando. Fui parar numa biblioteca. Estilo neoclássico, dimensões gigantescas, mármore branco em tudo - paredes, piso, teto. O meu sonho de consumo - ler. Não! Era hora de saber o que acontecia. Onde estava? Saí e me deparei com uma longa escadaria. O dia era límpido. Indo até minha escola, percebi que os alunos chocavam-se ao saber que... Hã? Eu morri? MORRI?
M O R R I !!!
          Já era tarde pra desfazer qualquer desentendido, pra dizer te amo, pra agradecer, pra contar qualquer fofoca, pra abraçar qualquer amigo, pra fazer absolutamente qualquer coisa. Eu havia perdido a chance. Eu deixei minha vida, e vi que nem tentei melhorá-la enquanto pude!
          Eu chorei. As lágrimas levavam junto minha seiva, dilaceravam minhas vísceras, formavam uma fossa de sangue que me afogava. O peso de minha agonia me levou a um palmo do inferno. Se pudesse, cometeria suicídio anímico. Desnecessário. O fluido que escapou de meus olhos já me penetrava o nariz, adentrava os pulmões e perfurava meu corpo todo numa chama, uma flama, um fogo, um incêndio, um vulcão, uma erupção, uma Estrela, Uma Nebulosa, Um Buraco NEGRO. Fui tragado para o interior de meu ser num redemoinho astral que me arrebatou e arrematou as últimas faíscas de consciência. O silêncio aterrador.
          Não morri. Não passou de sonho. Sim, não foi pesadelo. Foi uma das melhores coisas que poderiam ter acontecido.
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Pois é, caros leitores. Por mais que isto seja repetido aos quatro cantos, eu nunca cansarei de bater na mesma tecla. Todos falam, mas quantos fazem? Quantos não se deixam levar pela preguiça, para fazer hoje as obrigações? Quantos não se deixam levar pelo orgulho, para acertar as contas com justiça? Quantos não se deixam levar pela autopiedade, para ter um dia feliz? Quantos não se deixam levar pela vergonha, para desfrutar do amor?
A coisa mais certa é que ninguém deve ter certeza de nada. Quem te garante que você terá outra vida pra tentar ser feliz? Por que não tentar fazê-lo nessa aqui mesmo? E não adianta... se quiser, é melhor ficar de bom-humor ainda hoje - amanhã você já esquece esse texto e já se esquece de ficar feliz.
É! Vamos lá! Existem um milhão de coisas diferentes pra tentar! Pelo menos uma delas é o seu objetivo de vida! Mudança de panorama imediata é requerida, entrentanto. AGORA! Ou vai pagar pra ver o amanhã?

Alguém aí sente a vida escorrendo pelos dedos a cada instante? É bom começar a sentir.


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segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sino

Talha o rezar vindouro
da tsunami de fiéis.

Está dada a largada.
Até o Sol se curva
perante o estribrilho
do prelúdio.

Uma saudade se agita
no interior da catedral.
Uma saudade-câncer,
um mergulho em absinto,
uma vertigem lancinante,
uma serra estripadora.

Um torpor soturno
os remete à maior Luz.
A trilha flamejante
dá lugar a águas rasas.

Os fiéis, lentamente,
se dirigem à Catedral.
A mais extraordinária experiência humana
já tem seu território espaço-temporal deflagrado.

Pelos sinos.


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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Cossante

Ondas da praia onde vos vi,
Olhos verdes sem dó de mim,
         Ai Avatlântica!

Ondas de praia onde morais,
Olhos verdes intersexuais,
         Ai Avatlântica!

Olhos verdes sem dó de mim,
Olhos verdes de ondas sem fim,
         Ai Avatlântica!

Olhos verdes de ondas sem dó,
Por quem me rompo, exausto e só,
         Ai Avatlântica!

Olhos verdes de ondas sem fim,
Por quem jurei de vos possuir,
         Ai Avatlântica!

Olhos verdes sem lei nem rei,
Por quem juro vos esquecer,
         Ai Avatlântica!


(Manuel Bandeira)

terça-feira, 15 de junho de 2010

Preciosa

Seu corpo cheira a verde.
Esmeralda! Brilha e ressona.

Olhar turvo e fundo
como o negro de uma fissura.
Pérola!

A volúpia sanguínea.
Uma aura apocalíptica
na iminência do Armagedom.
Rubi! Reluz e ressona.

Nuvem esticada no mar.
O corpo espelhado
me engana por difração.
Parece que não, mas...
Safira! Me submerge na ressonância.


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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Em labareda

Uma esfinge se abate
sob o fogo escarlate,
mas meu verso é etéreo,
não queimou seu mistério.

Ricocheteia a latrina
no argumento vicioso
que se esculpe em pedra ígnea:
meu poema é imune a fogo.


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domingo, 9 de maio de 2010

Celacanto

No fundo de qualquer mar
sempre está o celacanto a flanar,
andando e nadando e voando
no ritmo em que bem quiser navegar.
Assim, sem perder o encanto.

Não há paredes ou calçadas.
O oceano é uma avenida sem trânsito
e sem os murmúrios transeuntes.

O silêncio de sua idade
- uma era vasta tal qual o mar-,
pesa em seu corpo,
mas é vital à sua nobreza.

Só há o celacanto lá.
Sua onipresença é elusiva,
eslúvia na matiz lasciva
do abismo marítimo.

Alguém despertaria tamanho misticismo e beleza quanto um celacanto?
Nenhum humano, na certa.




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sexta-feira, 23 de abril de 2010

Morte - Ressurreição

A alvorada era pálida e densa.
Não havia pássaros cantando.
O herói que desistiu da recompensa,
no astral a vagar em marcha intensa,
encarava a Lua no ocaso nadando,
imerso nas nuvens do céu se elevando.

Nunca mais ouviu suspiros.
Nunca mais lhe falaram de amor.
Agora, os astros lhe traziam temor.
E sua saudade era seu retiro.

No momento, sentiu um tiro,
que cruzou, do corpo, a podridão.
Seu óbito veio como martírio.
O que pensou ser o eterno alívio,
foi o que o lançou nas trevas do horror.
Seus esforços o levaram à depressão.

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Rasgando a noite em acordes de esperança,
veio a fé com sua suprema aliança:
a vontade, o amor e a vida.

Seu Ágape que era impulsão retida,
ao mundo trouxe encanto de infância.
Reanimando o corpo para uma nova estação.

Era a primavera que escalava o horizonte,
se alastrando pela plena imensidão,
com sua coroa ofuscante em diamantes.

Lançou por terra, do herói, a austera fronte.
Pariu no céu o ciano da renovação.
Tornou o fúnebre uma valsa brilhante.


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terça-feira, 6 de abril de 2010

A enxurrada

Os rios mais mortíferos cruzei,
nas dunas mais ferventes mergulhei,
os montes mais agudos escalei,
mas na estrada engarrafada é que parei.

Nem a marquise, velha e forte, me abrigou,
nem a casinha aconchegante me abrigou,
nem a bruma, brava, briguenta, me abrigou,
nem, imponente, La Catedral me abrigou.

No Rio Maracanã... estava lá a calamidade.
Imerso em heroísmo, eu o trilhei sem sanidade.
Estando já do outro lado, triunfante a erguer o trunfo,
descobri, então desolado, que acabara a aula no mundo.


Avante, soldados da ci..ê...n........blub!


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sexta-feira, 2 de abril de 2010

A dialética da coragem

A coragem desembainha a espada
Mas é o medo que golpeia o inimigo.

A coragem levanta a bandeira
Mas o medo é quem a finca no solo inimigo.

A coragem coroa o rei
Mas é o medo que governa.

A coragem fundou povos e nações
E o medo garantiu-lhes a sobrevivência.

O que é a coragem, senão uma virtuosa sacerdotisa que
cegou o medo para admirar sua beleza e poder?

(Ricardo Costa)


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terça-feira, 16 de março de 2010

Flor do destino

Desastre na estrada:
uma flor vítrea rachada.
Que garoa a regaria?

Se o solo a abandonou,
se o Sol dela se esquivou,
se os ventos nela rebentaram...
qual bosque a acolheria?

Pobre flor renegada.
Uma semente bela despedaçada.
Nunca daria fruto, mesmo...

Flor do destino de todo homem.
Com o tempo,
a luz da donzela se apaga.


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domingo, 14 de março de 2010

Rezando pelas sombras

Eu já vivi dias felizes.
O tempo que duraram foi infinito,
mas ele também passa rápido.
Tão rápido...

Todas as eras cabem dentro desse ano,
mas esse ano durou pra mim o mesmo que um dia.
O que eu orei desde então
plasmou-se em minha vida.

Meus sonhos,
meus ideais,
foram pra longe,
não os posso alcançar.

Fora da sanidade,
pensei que estava rezando
pelo meu próprio bem,
mas descobri que rezava...

Pelas Sombras!
Ergui um templo pra saudade.
Pelas Sombras!
Passei a me abrigar, sem saber,
sob a capa do supremo caçador.

Um santuário de areia
se ergue para um deus feito de vidro.
Uma missa se celebra pra um amor
platônico...

- Não se entregue, desgraçado, perante a dor!
Vai além e mostra a todos seu esplendor!
Não reze com tanto ardor,
tiras da vida o próprio sabor!

E agora,
procura
o seu destino!
Ele nunca esteve por lá...

Fora da sanidade,
pensei que estava rezando
pelo meu próprio bem,
mas descobri que rezava...

Pelas Sombras!
Ergui um templo pra saudade.
Pelas Sombras!
Passei a me abrigar, sem saber,
sob a foice do supremo caçador.


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quinta-feira, 4 de março de 2010

Jogos profanos

Um salto gelado
num lago de fogo.
Assim se comporta
o meu jogo.

A faca que invade
o flanco convidativo
dita a regra,
rola o dado.

Aos poucos o sangue evapora.
Aos poucos o corpo se submete
à ordem, dominante, da aurora.

Tua paixão me estraçalha e me enrola.
Vence até minha muralha de afazeres.

Já zerou o jogo.


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segunda-feira, 1 de março de 2010

Música das Esferas

Debaixo deste grande Firmamento,
Vês o céu de Saturno, Deus antigo;
Júpiter logo faz o movimento,
E Marte abaixo, bélico inimigo;
O claro Olho do céu, no quarto assento,
E Vênus, que os amores traz consigo,
Mercúrio, de eloquência soberana;
Com três rostos, debaixo vai Diana.

(Os Lusíadas, Canto X. Luís de Camões)


Faça-se luz nas esferas sombrias.
Faça-se pausa na noite infinita.
Arrasta o peso do vácuo pro dia.
Encontra os sons da neblina na vida.

Quebra o compasso,
sintetiza as esferas.

Se os nossos pés se plantam no chão,
nossas mentes vagam na imensidão.
Como a fermata que se perde no tempo,
as equações se perdem no espaço.

Não se busca mais a resposta cristalizada na matéria.
Hoje só se acha a poesia da imagem.
E o que faltou foi a música das esferas.


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domingo, 24 de janeiro de 2010

Desinspiração

Desinspiração
Desilusão
Desalinhamento
Desesperação

Reintrospecção
Reprocura
Reesvaziamento
Redesesperação

Reavaliação
Reconduta
Reprogramação
Realinhamento

Idealização
Dialética
Materialização
Inspiração!

Que esse farol ilumine eternamente as mentes poetisas!


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domingo, 17 de janeiro de 2010

Dissertação interminável sobre a Música

Enquanto o ser humano investiga certos fenômenos tomando-os como mistérios de Deus, Ele investiga a música tomando-a como mistério do Ser Humano.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Misteriogênese

Há os que nunca se importaram.
Há os que já ouviram falar.
Há os que, um pouco, se importunaram.
Há quem dê a vida para encontrar:

Qual é o motivo de nossa existência?
De onde veio a matéria?
Por que há o ser em vez do nada?
A História tem início e tem fim?

No escuro, nós tentamos,
por eras, acender as luzes.
No escuro, nos movemos,
embarcados num planeta,
perdidos no tempo e espaço.

Um dia nos encontraremos?
Uma noite acenderemos as luzes?

Misteriogênese,
um instante no infinito.
Misteriogênese,
merece a nossa reflexão.
Acendam as luzes!
Descubram que...
Misteriogênese,
não há solução.


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