sábado, 26 de maio de 2012

Beleza, ó maldição incompreendida!

Beleza, ó maldição incompreendida!
A singela tragédia bem-vista.
A luz solar dilacerando a visão.
O majestoso olho do furacão.

Beleza: o cataclismo mais querido!
Irmã da guerra, destruição e criação.
Fidelidade e traição.

Beleza: o defeito mais procurado!
Tem o inalcançável à mão.
Submete o forte pela sedução.
O fraco já não tinha chance mesmo...

Mas os já belos reconhecem a verdadeira cruz.

O real portador da treva
é celestialmente infeliz.
Estrelas curvadas a seus pés
tornam-no rei de universo vazio.
Pois o sentido do mundo
e todas as palavras proferidas
e todas as palavras imaginadas
se esgotam na pura contemplação.

O real portador da maldição
desconhece a sincera boa-vontade.
Nenhuma conversa, e nenhuma
palavra amiga é a ele endereçada.
Pois todos só dialogam
para ouvir a voz da Beleza
e todos rastejam à surreal aparência
e todos perseguem os passos luminosos
que, no entanto,
são a superfície densa
da intocável identidade.

Face à multidão apaixonada,
o belo respira solidão.