terça-feira, 29 de outubro de 2013

Soneto sincopado de quem ama e é amado

Te entrego minha alma,
toda a flora de desejos.
Um arpejo te devora.
Brilha, a estrela d'alva.

Você tem a luz.
Sinto, cego, o seu calor.
Grande amor, atrás do véu,
vejo: me conduz.

Minha felicidade muda,
agora abriga a sua.
A paixão é um nevoeiro.

De ouro tu me faz ser herdeiro.
Festejo em plena rua!
És porta à casa de um Buda.

Sobre quem não sabe ser amado

Você vem e
Eu me afasto

O jogo do amor de Eros
É um jogo de ganhar e de perder

Você me traz luz
Só devolvo escuridão

Que bondade viciada!
O Mal permeia a natureza inteira!
Ou será mesmo desumano, aquele que
Se desconforta com a ternura?

Você me convidou ao seu paraíso
Vim, vi, venci e fui

Não é mentira... não é desumano.
Temos um fascínio por destruir.
Saber amar é ganhar, é iluminação.
Perde quem se perde a pisar as flores
Nos passos da dança da depressão.

Você me ama
Mas quem sou eu?

Você me ama
Quem sou eu, seu eleito?

Você me ama
E eu não sei o que é amar

Você me ama
E precisa ter paciência comigo!

Você me ama
Sou selvagem e tenho sede de ferir

Você me ama
E eu quero aprender a viver

Você me ama
E eu nem amar a vida sei, ainda

Assim,
Você vem e
Eu me afasto

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Par

Pérgolas em parafuso!
Vinhos visam vossa voz.

Partimos para conquistar,
outorgar, atroz, à nação,
alçando ao mastro da bandeira,
violenta segregação,

e implodir a torre!

No último andar,
há rainhas se despindo
dos espinhos, das coroas,
aturdindo brisas tolas

com o perfume secular!

Atire-se à vertigem
e as brisas dar-te-ão asas!

Não há paz no alto do castelo.
Nosso lugar é o confronto.
Pois encontrar é um eterno pôr-se a buscar.