quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Miragem astral

A terra cheia de folhas.
Vermelhas, amarelas,
uns remanescentes verdes do verão.

O céu escasso.
Mal se vê a luz que invade,
sutil, a atmosfera gelada e úmida.

Mergulhei na umidez
da floresta enterrada,
cova soterrada pelo ciclo de estações.

Há um lago
de espíritos de floras
abaixo do manto opaco da visão.

Está em todo lugar.
No céu, na terra, no luar...
O Sol é espelho que reflete minha vida.
Espelha e amplifica impulsos da noite.

Voltei à superfície
da floresta fantasma.
Espíritos de floras refletidos nas nuvens.

Vento de assovios,
derrama folhas no solo,
que escondem sob a terra
os remanescentes de uma vida negra,
já pálida primavera.



sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A Pocket Size Sun

I came so close, so near
That I almost got out of my shell
When a pink coloured vision did appear
A girl with something to sell

The girl offered me a pocket size sun
I beheld its innocent smile
She said "If you wanna have fun,
It will take you to heaven for awhile"

An inch from the blue skies ceiling
I was touched by her careful fingertips
With the sun we shared our feelings
And I finally kissed her ruby lips

She started to sing a lullaby
Origined from ancient Senoi
"In dream's realm can no one die
Sleep safe my little boy"

The sun cut my eyes like a dropblade
Drew elsewords in the sand
My memories began to fade
And did suddenly slip through my hands

In the sand I found two wonderful shells
As Like as two peas
And I thought I could hear the sound of bluebells
Behind the roaring seven seas...


domingo, 14 de novembro de 2010

A Busca

Avante através dos desertos glaciais!
Enfrento as serras e desfiladeiros,
cavernas e mares abissais.
Vôo onde o céu já escurece.

Florestas, cerrados, tundras,
desertos de pedra, gelo ou dunas,
céus, mares, montanhas...
tudo já percorri.

Mas a vida não é uma paisagem.
O inferno é muito mais que o vermelho do fogo.
Não é preciso enxergar pra se perceber vivo ou morto.

A viagem não me completou.
Não dividi com ninguém a conquista.
E agora acabou... o que buscar doravante?

Invejam minha jornada,
e muitas almejam colher frutos comigo.
Mas não reconheço em ninguém
o semblante da rainha
que governará o nosso universo.

E a Busca se desconstrói.
Já escolhi todas as virtudes dos quatro cantos.
Desde então, o que me corrói tanto
é não ter com quem comemorar o meu retorno.
Nenhuma harpa dedilhou sequer um verso.

Findarei. Aguardarei. Dormirei sob a noite,
ao passo que novas constelações emergem do horizonte
e velhas constelações sucumbem dos céus,
conforme o ano se desdobra pelos pergaminhos estelares.

domingo, 7 de novembro de 2010

Do trabalho, da razão e da natureza

          Qual é o lugar do homem no mundo, a natureza? O ser humano é completamente diferente dos outros seres vivos, é algo nunca antes presenciado no universo. Ele é racional, sua natureza é seu "logos", como já dizia Aristóteles. Isso tem uma consequência, ao mesmo tempo, fantástica e aterradora: ele deve construir seu lugar no mundo, na natureza, e não simplesmente encontrá-lo para desfrutar. Há de se trabalhar para erguer a si e à humanidade a glória de se estar um patamar além da própria natureza. Fantástico e aterrador.
          O trabalho exige cooperação. O emblema mais proeminente da História Antiga resiste até nossos dias devido ao trabalho de uma civilização inteira. As pirâmides egípicias e a esfinge ainda resistirão pelos séculos dos séculos. Exemplos atuais de cooperação bem-sucedida são as empresas que se organizam e se associam em prol de uma causa comum a fim de proporcionar a si mesmas e ao resto do mundo uma estadia mais digna na Terra através das inovações, produtos do processo.
          O trabalho tem a si mesmo como principal produto, apesar das conquistas decorrentes. Emprego falta, mas trabalho não. Com a explosão tecnológica no século passado, temia-se a mecanização majoritária do trabalho. Pelo contrário, atualmente nós vemos os horizontes de possibilidades se abrindo, tendo o conhecimento, o "logos", como principal motor. As áreas de pesquisa são almejadas como nunca. O ser humano pode vencer o desemprego através do estudo e do empreendedorismo. Basta dos governos o incentivo, o que não se vê satisfatoriamente no Brasil.
          A capacidade e a inventividade humanas são fantásticas. Entretanto, em qualquer época foi, é e será aterrador considerar um certo fator do ser humano: ele é falho. A sua principal falha, muito mais deletéria que as demais, é a sua vontade tentadora de trocar o avanço da humanidade pela ascensão singular de si próprio. Isso não é humano, é sub-reptício! A escravidão, por exemplo, corrompe definitivamente a dignidade do indivíduo. Destruindo o indivíduo, destruindo sua humanidade, é destruída a humanidade e seu lugar no mundo.
          Nosso "logos" nunca será perfeito, portanto o terror sempre existirá, mas certas falhas podem desaparecer da face da Terra. Deve-se conhecer as consequências globais de seus atos. Deve-se aperfeiçoar a razão. Longa vida à educação!