sábado, 31 de julho de 2010

O Malandro

Só no sapatinho...

TUm ca ti ca TUm ca ti ca
blém...           blém...

TUm ca ti ca TUm
                             E ele se en|to|pe
                                             TUm ca ti ca TUm

com a caipi|fru|ta
                 TUm ca ti ca TUm ca ti ca

e dança em |ci|ma
                  TUm ca ti ca TUm

da última sí  -   la-ba
              TUm ca ti ca TUm

desse po|e|ma.
            TUm ca ti ca
                                                |                     |                    |
E vem a quebra de compasso! - Tan Tan, Tan Tan Tan, Tan Tan

E o hômi |pe|ga
              TUm ca ti ca TUm

seu cava|qui|nho
             TUm ca ti ca TUm

e serpen|teia|
             TUm ca ti ca TUm

um bom cho|ri|nho.
                  TUm ca ti ca TUm
 
    |                       |                        |
Vrem qui ne qui Vem qui ne qui Vrem

E o povo |vem|
                VEm qui ne qui Vrem

obser|var|
         VEm qui ne qui Vrem

o pai Fran|cis|-
               VEm qui ne qui Vrem

-co humi|lhar|
              VEm qui ne qui Vrem

    |                       |                        |
Vrem qui ne qui Vem qui ne qui Vrem                |
                                                  TUm ca ti ca TUm ca ti ca TUm

Chamou aten|ção|
                     TUm ca ti ca TUm

De todo |mun|do
              VEm qui ne qui Vrem

E até |mes|mo
         TUm ca ti ca TUm

Da poli|ça|da.
           VEm qui ne qui Vrem

Os cana |vei|o
              TUm ca ti ca TUm

findar a gan|dai|a,
                  VEm qui ne qui Vrem

levar em|bo|ra
            TUm ca ti ca TUm

aquela |lai|a.
          VEm qui ne qui Vrem

E os pandei|ris|tas,
                 VEm qui ne qui Vrem

já tudo es|per|to,
              Vem qui ne qui Vrem

Meteram o |pé|,
                 VEm qui ne qui Vrem

só sobrou chu|lé|.
                     VEm qui ne qui Vrem

E o pai Francisco,
                  VElelelelém

na sua dormência,

nem viu o povo,
               VLÉÈÉÈm

em debandada.

Sobrou pra ele,
                   ...
as porretadas.
             TUm
Seu blazer branco
                 TÁ
ficou molambo.

E assim acaba mais uma farra na Lapa. O glorioso caído atrás duns carros com o cavaquinho de corda arrebentada do lado e uns caquinhos de copo por perto. Bonitão, tomou muita da boa, sonambulou acordado, tomou muita da má, ficou molambão.


"Pai Francisco entrou na roda
Tocando o seu violão
Bi–rim-bão bão bão, Bi–rim-bão bão bão !
Vem de lá Seu Delegado
E Pai Franciso foi pra prisão."


Licença Creative Commons
O Malandro de Richard Martin Souza é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike.
Based on a work at lacatedraldasletras.blogspot.com.

sábado, 24 de julho de 2010

Morte, remédio da Vida.

          Sonhei com a morte. Seus lábios viçosos se arrastaram em meu corpo. Pensei que fosse uma picada de mosquito, mas era a agulha enterrada em minha veia. Sim... eu já estava dormente. Meus sentidos pendurados no desfiladeiro - as luzes se apagando... o último raio de Sol se pondo no horizonte. Já não sentia o cheiro do ar, eu já me sufocava com a correnteza de minha vida, desperdiçada. Deitado na maca, era carregado por homens de branco, talvez para a recuperação, talvez pro caixão.
          Me levantei e saí vagando. Fui parar numa biblioteca. Estilo neoclássico, dimensões gigantescas, mármore branco em tudo - paredes, piso, teto. O meu sonho de consumo - ler. Não! Era hora de saber o que acontecia. Onde estava? Saí e me deparei com uma longa escadaria. O dia era límpido. Indo até minha escola, percebi que os alunos chocavam-se ao saber que... Hã? Eu morri? MORRI?
M O R R I !!!
          Já era tarde pra desfazer qualquer desentendido, pra dizer te amo, pra agradecer, pra contar qualquer fofoca, pra abraçar qualquer amigo, pra fazer absolutamente qualquer coisa. Eu havia perdido a chance. Eu deixei minha vida, e vi que nem tentei melhorá-la enquanto pude!
          Eu chorei. As lágrimas levavam junto minha seiva, dilaceravam minhas vísceras, formavam uma fossa de sangue que me afogava. O peso de minha agonia me levou a um palmo do inferno. Se pudesse, cometeria suicídio anímico. Desnecessário. O fluido que escapou de meus olhos já me penetrava o nariz, adentrava os pulmões e perfurava meu corpo todo numa chama, uma flama, um fogo, um incêndio, um vulcão, uma erupção, uma Estrela, Uma Nebulosa, Um Buraco NEGRO. Fui tragado para o interior de meu ser num redemoinho astral que me arrebatou e arrematou as últimas faíscas de consciência. O silêncio aterrador.
          Não morri. Não passou de sonho. Sim, não foi pesadelo. Foi uma das melhores coisas que poderiam ter acontecido.
---------------------------------------------------------
Pois é, caros leitores. Por mais que isto seja repetido aos quatro cantos, eu nunca cansarei de bater na mesma tecla. Todos falam, mas quantos fazem? Quantos não se deixam levar pela preguiça, para fazer hoje as obrigações? Quantos não se deixam levar pelo orgulho, para acertar as contas com justiça? Quantos não se deixam levar pela autopiedade, para ter um dia feliz? Quantos não se deixam levar pela vergonha, para desfrutar do amor?
A coisa mais certa é que ninguém deve ter certeza de nada. Quem te garante que você terá outra vida pra tentar ser feliz? Por que não tentar fazê-lo nessa aqui mesmo? E não adianta... se quiser, é melhor ficar de bom-humor ainda hoje - amanhã você já esquece esse texto e já se esquece de ficar feliz.
É! Vamos lá! Existem um milhão de coisas diferentes pra tentar! Pelo menos uma delas é o seu objetivo de vida! Mudança de panorama imediata é requerida, entrentanto. AGORA! Ou vai pagar pra ver o amanhã?

Alguém aí sente a vida escorrendo pelos dedos a cada instante? É bom começar a sentir.


Licença Creative Commons
Morte, remédio da vida. de Richard Martin Souza é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs.
Based on a work at lacatedraldasletras.blogspot.com.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sino

Talha o rezar vindouro
da tsunami de fiéis.

Está dada a largada.
Até o Sol se curva
perante o estribrilho
do prelúdio.

Uma saudade se agita
no interior da catedral.
Uma saudade-câncer,
um mergulho em absinto,
uma vertigem lancinante,
uma serra estripadora.

Um torpor soturno
os remete à maior Luz.
A trilha flamejante
dá lugar a águas rasas.

Os fiéis, lentamente,
se dirigem à Catedral.
A mais extraordinária experiência humana
já tem seu território espaço-temporal deflagrado.

Pelos sinos.


Licença Creative Commons
Sino de Richard Martin Souza é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike.
Based on a work at lacatedraldasletras.blogspot.com.