domingo, 14 de novembro de 2010

A Busca

Avante através dos desertos glaciais!
Enfrento as serras e desfiladeiros,
cavernas e mares abissais.
Vôo onde o céu já escurece.

Florestas, cerrados, tundras,
desertos de pedra, gelo ou dunas,
céus, mares, montanhas...
tudo já percorri.

Mas a vida não é uma paisagem.
O inferno é muito mais que o vermelho do fogo.
Não é preciso enxergar pra se perceber vivo ou morto.

A viagem não me completou.
Não dividi com ninguém a conquista.
E agora acabou... o que buscar doravante?

Invejam minha jornada,
e muitas almejam colher frutos comigo.
Mas não reconheço em ninguém
o semblante da rainha
que governará o nosso universo.

E a Busca se desconstrói.
Já escolhi todas as virtudes dos quatro cantos.
Desde então, o que me corrói tanto
é não ter com quem comemorar o meu retorno.
Nenhuma harpa dedilhou sequer um verso.

Findarei. Aguardarei. Dormirei sob a noite,
ao passo que novas constelações emergem do horizonte
e velhas constelações sucumbem dos céus,
conforme o ano se desdobra pelos pergaminhos estelares.

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