sexta-feira, 23 de abril de 2010

Morte - Ressurreição

A alvorada era pálida e densa.
Não havia pássaros cantando.
O herói que desistiu da recompensa,
no astral a vagar em marcha intensa,
encarava a Lua no ocaso nadando,
imerso nas nuvens do céu se elevando.

Nunca mais ouviu suspiros.
Nunca mais lhe falaram de amor.
Agora, os astros lhe traziam temor.
E sua saudade era seu retiro.

No momento, sentiu um tiro,
que cruzou, do corpo, a podridão.
Seu óbito veio como martírio.
O que pensou ser o eterno alívio,
foi o que o lançou nas trevas do horror.
Seus esforços o levaram à depressão.

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Rasgando a noite em acordes de esperança,
veio a fé com sua suprema aliança:
a vontade, o amor e a vida.

Seu Ágape que era impulsão retida,
ao mundo trouxe encanto de infância.
Reanimando o corpo para uma nova estação.

Era a primavera que escalava o horizonte,
se alastrando pela plena imensidão,
com sua coroa ofuscante em diamantes.

Lançou por terra, do herói, a austera fronte.
Pariu no céu o ciano da renovação.
Tornou o fúnebre uma valsa brilhante.


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