Congelado, caiu numa fissura.
O miasma da cratera o devorando.
"Oh, céus!", sair como e quando?
Pelos Céus, sua lealdade jura.
Viria uma nuvem, da desgraça, emancipar seu corpo?
Ou se encerraria, trovejante, numa tempestade?
Sua única certeza era o assombroso.
Um dia, pagaria por sua aleivosia de existir.
Mas havia uma voz no meio do caminho...
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
domingo, 16 de janeiro de 2011
Alabastro de ferro e fogo
E, desde então, os principados
se arrependeram.
A guerra contra os ali calados,
calados dali que eram de Alah.
Nunca se arrependeram
das mortes que rasgaram.
Mas nunca mais sonhariam
com as deidades dançarinas.
Esfinges metamórficas
de vento, fogo e paixão.
Doravante os corroirá o ácido nostálgico
de suas noites de sultões do sangue.
se arrependeram.
A guerra contra os ali calados,
calados dali que eram de Alah.
Nunca se arrependeram
das mortes que rasgaram.
Mas nunca mais sonhariam
com as deidades dançarinas.
Esfinges metamórficas
de vento, fogo e paixão.
Doravante os corroirá o ácido nostálgico
de suas noites de sultões do sangue.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Ode ao gato
Os animais foram
imperfeitos,
compridos de rabo, tristes
de cabeça.
Pouco a pouco se foram
compondo,
fazendo-se paisagem,
adquirindo pintas, graça vôo.
O gato,
só o gato apareceu completo
e orgulhoso:
nasceu completamente terminado,
anda sozinho e sabe o que quer.
O homem quer ser peixe e pássaro,
a serpente quisera ter asas,
o cachorro é um leão desorientado,
o engenheiro quer ser poeta,
a mosca estuda para andorinha,
o poeta trata de imitar a mosca,
mas o gato
quer ser só gato
e todo gato é gato do bigode ao rabo,
do pressentimento à ratazana viva,
da noite até os seus olhos de ouro.
Não há unidade
como ele,
não tem
a lua nem a flor
tal contextura:
é uma coisa
só como o sol ou o topázio,
e a elástica linha em seu contorno
firme e sutil é como
a linha da proa de uma nave.
Os seus olhos amarelos
deixaram uma só
ranhura
para jogar as moedas da noite .
Oh pequeno imperador sem orbe,
conquistador sem pátria,
mínimo tigre de salão, nupcial
sultão do céu
das telhas eróticas,
o vento do amor
na intempérie
reclamas
quando passas
e pousas
quatro pés delicados
no solo,
cheirando,
desconfiando
de todo o terrestre,
porque tudo
é imundo
para o imaculado pé do gato.
Oh fera independente
da casa, arrogante
vestígio da noite,
preguiçoso, ginástico
e alheio,
profundíssimo gato,
polícia secreta
dos quartos,
insígnia
de um
desaparecido veludo,
certamente não há
enigma na tua maneira,
talvez não sejas mistério,
todo o mundo sabe de ti e pertences
ao habitante menos misterioso
talvez todos acreditem,
todos se acreditem donos,
proprietários, tios
de gato, companheiros,
colegas,
discípulos ou amigos do seu gato.
Eu não.
Eu não subscrevo.
Eu não conheço o gato.
Tudo sei, a vida e o seu arquipélago,
o mar e a cidade incalculável,
a botânica
o gineceu com os seus extravios,
o pôr e o menos da matemática,
os funis vulcânicos do mundo,
a casca irreal do crocodilo,
a bondade ignorada do bombeiro,
o atavismo azul do sacerdote,
mas não posso decifrar um gato.
Minha razão resvalou na sua indiferença,
os seus olhos têm números de ouro.
imperfeitos,
compridos de rabo, tristes
de cabeça.
Pouco a pouco se foram
compondo,
fazendo-se paisagem,
adquirindo pintas, graça vôo.
O gato,
só o gato apareceu completo
e orgulhoso:
nasceu completamente terminado,
anda sozinho e sabe o que quer.
O homem quer ser peixe e pássaro,
a serpente quisera ter asas,
o cachorro é um leão desorientado,
o engenheiro quer ser poeta,
a mosca estuda para andorinha,
o poeta trata de imitar a mosca,
mas o gato
quer ser só gato
e todo gato é gato do bigode ao rabo,
do pressentimento à ratazana viva,
da noite até os seus olhos de ouro.
Não há unidade
como ele,
não tem
a lua nem a flor
tal contextura:
é uma coisa
só como o sol ou o topázio,
e a elástica linha em seu contorno
firme e sutil é como
a linha da proa de uma nave.
Os seus olhos amarelos
deixaram uma só
ranhura
para jogar as moedas da noite .
Oh pequeno imperador sem orbe,
conquistador sem pátria,
mínimo tigre de salão, nupcial
sultão do céu
das telhas eróticas,
o vento do amor
na intempérie
reclamas
quando passas
e pousas
quatro pés delicados
no solo,
cheirando,
desconfiando
de todo o terrestre,
porque tudo
é imundo
para o imaculado pé do gato.
Oh fera independente
da casa, arrogante
vestígio da noite,
preguiçoso, ginástico
e alheio,
profundíssimo gato,
polícia secreta
dos quartos,
insígnia
de um
desaparecido veludo,
certamente não há
enigma na tua maneira,
talvez não sejas mistério,
todo o mundo sabe de ti e pertences
ao habitante menos misterioso
talvez todos acreditem,
todos se acreditem donos,
proprietários, tios
de gato, companheiros,
colegas,
discípulos ou amigos do seu gato.
Eu não.
Eu não subscrevo.
Eu não conheço o gato.
Tudo sei, a vida e o seu arquipélago,
o mar e a cidade incalculável,
a botânica
o gineceu com os seus extravios,
o pôr e o menos da matemática,
os funis vulcânicos do mundo,
a casca irreal do crocodilo,
a bondade ignorada do bombeiro,
o atavismo azul do sacerdote,
mas não posso decifrar um gato.
Minha razão resvalou na sua indiferença,
os seus olhos têm números de ouro.
(Pablo Neruda)
Tradução: Eliane Zagury
domingo, 2 de janeiro de 2011
Emissária da Liberdade
Lá vem ela,
com seu olhar de pilar
que sustenta a torre
da cidadela.
Lá vem ela, com seus olhos castanhos,
pretos como a luz do dia,
lentos como furacões,
em meio ao silêncio dos trovões.
Lá vem ela,
em seu corpo flamejante,
de branco solar.
Magnetismo pulsante.
Lá vem ela,
imersa no manto negro,
cachoeira à noite,
de seus cabelos.
Lá vem ela, com sua voz lapidada,
diamante que subjuga
à lápide as outras,
semi-preciosas.
Lá vem ela,
com sua essência clandestina
que emudece a natureza;
entorpece à alteza os sentidos.
Lá vem ela,
com seu sorriso manhoso,
de quem procura um lar.
Venha pular em meus jardins!
Lá vem ela,
com suas asas rapsódicas.
Escrever histórias pelos céus,
ou, num véu, desaparecer de mim.
Lá vem ela, ela que,
a cada encontro, em sua trilha
arrasta meus olhares.
Pelos pilares do céu querem planar.
Junto dela, às trilhas do Sol,
aos panoramas da liberdade!
com seu olhar de pilar
que sustenta a torre
da cidadela.
Lá vem ela, com seus olhos castanhos,
pretos como a luz do dia,
lentos como furacões,
em meio ao silêncio dos trovões.
Lá vem ela,
em seu corpo flamejante,
de branco solar.
Magnetismo pulsante.
Lá vem ela,
imersa no manto negro,
cachoeira à noite,
de seus cabelos.
Lá vem ela, com sua voz lapidada,
diamante que subjuga
à lápide as outras,
semi-preciosas.
Lá vem ela,
com sua essência clandestina
que emudece a natureza;
entorpece à alteza os sentidos.
Lá vem ela,
com seu sorriso manhoso,
de quem procura um lar.
Venha pular em meus jardins!
Lá vem ela,
com suas asas rapsódicas.
Escrever histórias pelos céus,
ou, num véu, desaparecer de mim.
Lá vem ela, ela que,
a cada encontro, em sua trilha
arrasta meus olhares.
Pelos pilares do céu querem planar.
Junto dela, às trilhas do Sol,
aos panoramas da liberdade!
domingo, 26 de dezembro de 2010
Soda
Um sofazinho.
Televisão ligada rádio ligado micro-ondas geladeira cafeteira de passar roupa.
Presentes da vida moderna.
A consciência empática se vai, subalterna.
Deitado, prostrado com câncer na vida.
Câncer de próstata.
Ou no útero da existência.
Micro-ondas causa câncer.
Câncer nas células falando pelo celular.
Oceano eletromagnético da vida moderna...
Eletromagnetismo da aura.
Esse................................................ sumiu!
Sobrou só soda.
Televisão ligada rádio ligado micro-ondas geladeira cafeteira de passar roupa.
Presentes da vida moderna.
A consciência empática se vai, subalterna.
Deitado, prostrado com câncer na vida.
Câncer de próstata.
Ou no útero da existência.
Micro-ondas causa câncer.
Câncer nas células falando pelo celular.
Oceano eletromagnético da vida moderna...
Eletromagnetismo da aura.
Esse................................................ sumiu!
Sobrou só soda.
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Vendaval
A chuva cai em alto mar.
Em um lenço, alguém chora.
Sob o Sol passa um vendaval.
Eu quero é mais! E vou atrás
de um céu mais límpido, de azul diamantino,
por aonde a luz passe, e nos revele a imagem
que a chuva esconde, e está além do horizonte.
Fonte inesgotável que nutre essa imagem,
a imagem do paraíso,
a morada do meu sonho, sonho de um imensurável amor.
Em um lenço, alguém chora.
Sob o Sol passa um vendaval.
Eu quero é mais! E vou atrás
de um céu mais límpido, de azul diamantino,
por aonde a luz passe, e nos revele a imagem
que a chuva esconde, e está além do horizonte.
Fonte inesgotável que nutre essa imagem,
a imagem do paraíso,
a morada do meu sonho, sonho de um imensurável amor.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Tempos cãos e/ou pássaros
A lagartinha anda no chão de lama.
E a abobrinha se fala no chão de som.
Sons... aturdem a mente.
Deus reclamando nos seus ouvidos
sobre como a Sua criação
tornou-se de um deletério saliente.
Tons que não são lidos,
mas sentidos na frustração.
E o passarinho...
nunca mais pousou aqui,
deixou os pais, o ninho.
Mundo cão...
criar vida nova...
Vida valiosa,
todavia em vão.
Fisgou a lagartinha,
logo ela que era muda,
ao contrário de Deus.
Dores interminÁveis... d.e. ca..be..ç.a
a
a
E a abobrinha se fala no chão de som.
Sons... aturdem a mente.
Deus reclamando nos seus ouvidos
sobre como a Sua criação
tornou-se de um deletério saliente.
Tons que não são lidos,
mas sentidos na frustração.
E o passarinho...
nunca mais pousou aqui,
deixou os pais, o ninho.
Mundo cão...
criar vida nova...
Vida valiosa,
todavia em vão.
Fisgou a lagartinha,
logo ela que era muda,
ao contrário de Deus.
Dores interminÁveis... d.e. ca..be..ç.a
a
a
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