Estudo Sencillo 5 - Leo Brouwer
quarta-feira, 28 de julho de 2010
sábado, 24 de julho de 2010
Morte, remédio da Vida.
Sonhei com a morte. Seus lábios viçosos se arrastaram em meu corpo. Pensei que fosse uma picada de mosquito, mas era a agulha enterrada em minha veia. Sim... eu já estava dormente. Meus sentidos pendurados no desfiladeiro - as luzes se apagando... o último raio de Sol se pondo no horizonte. Já não sentia o cheiro do ar, eu já me sufocava com a correnteza de minha vida, desperdiçada. Deitado na maca, era carregado por homens de branco, talvez para a recuperação, talvez pro caixão.
Me levantei e saí vagando. Fui parar numa biblioteca. Estilo neoclássico, dimensões gigantescas, mármore branco em tudo - paredes, piso, teto. O meu sonho de consumo - ler. Não! Era hora de saber o que acontecia. Onde estava? Saí e me deparei com uma longa escadaria. O dia era límpido. Indo até minha escola, percebi que os alunos chocavam-se ao saber que... Hã? Eu morri? MORRI?
M O R R I !!!
M O R R I !!!
Já era tarde pra desfazer qualquer desentendido, pra dizer te amo, pra agradecer, pra contar qualquer fofoca, pra abraçar qualquer amigo, pra fazer absolutamente qualquer coisa. Eu havia perdido a chance. Eu deixei minha vida, e vi que nem tentei melhorá-la enquanto pude!
Eu chorei. As lágrimas levavam junto minha seiva, dilaceravam minhas vísceras, formavam uma fossa de sangue que me afogava. O peso de minha agonia me levou a um palmo do inferno. Se pudesse, cometeria suicídio anímico. Desnecessário. O fluido que escapou de meus olhos já me penetrava o nariz, adentrava os pulmões e perfurava meu corpo todo numa chama, uma flama, um fogo, um incêndio, um vulcão, uma erupção, uma Estrela, Uma Nebulosa, Um Buraco NEGRO. Fui tragado para o interior de meu ser num redemoinho astral que me arrebatou e arrematou as últimas faíscas de consciência. O silêncio aterrador.
Não morri. Não passou de sonho. Sim, não foi pesadelo. Foi uma das melhores coisas que poderiam ter acontecido.
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Pois é, caros leitores. Por mais que isto seja repetido aos quatro cantos, eu nunca cansarei de bater na mesma tecla. Todos falam, mas quantos fazem? Quantos não se deixam levar pela preguiça, para fazer hoje as obrigações? Quantos não se deixam levar pelo orgulho, para acertar as contas com justiça? Quantos não se deixam levar pela autopiedade, para ter um dia feliz? Quantos não se deixam levar pela vergonha, para desfrutar do amor?
A coisa mais certa é que ninguém deve ter certeza de nada. Quem te garante que você terá outra vida pra tentar ser feliz? Por que não tentar fazê-lo nessa aqui mesmo? E não adianta... se quiser, é melhor ficar de bom-humor ainda hoje - amanhã você já esquece esse texto e já se esquece de ficar feliz.
É! Vamos lá! Existem um milhão de coisas diferentes pra tentar! Pelo menos uma delas é o seu objetivo de vida! Mudança de panorama imediata é requerida, entrentanto. AGORA! Ou vai pagar pra ver o amanhã?
Alguém aí sente a vida escorrendo pelos dedos a cada instante? É bom começar a sentir.

Morte, remédio da vida. de Richard Martin Souza é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs.
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segunda-feira, 12 de julho de 2010
Sino
Talha o rezar vindouro
da tsunami de fiéis.
Está dada a largada.
Até o Sol se curva
perante o estribrilho
do prelúdio.
Uma saudade se agita
no interior da catedral.
Uma saudade-câncer,
um mergulho em absinto,
uma vertigem lancinante,
uma serra estripadora.
Um torpor soturno
os remete à maior Luz.
A trilha flamejante
dá lugar a águas rasas.
Os fiéis, lentamente,
se dirigem à Catedral.
A mais extraordinária experiência humana
já tem seu território espaço-temporal deflagrado.
Pelos sinos.

Sino de Richard Martin Souza é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike.
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da tsunami de fiéis.
Está dada a largada.
Até o Sol se curva
perante o estribrilho
do prelúdio.
Uma saudade se agita
no interior da catedral.
Uma saudade-câncer,
um mergulho em absinto,
uma vertigem lancinante,
uma serra estripadora.
Um torpor soturno
os remete à maior Luz.
A trilha flamejante
dá lugar a águas rasas.
Os fiéis, lentamente,
se dirigem à Catedral.
A mais extraordinária experiência humana
já tem seu território espaço-temporal deflagrado.
Pelos sinos.

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quinta-feira, 24 de junho de 2010
Cossante
Ondas da praia onde vos vi,
Olhos verdes sem dó de mim,
Ai Avatlântica!
Ondas de praia onde morais,
Olhos verdes intersexuais,
Ai Avatlântica!
Olhos verdes sem dó de mim,
Olhos verdes de ondas sem fim,
Ai Avatlântica!
Olhos verdes de ondas sem dó,
Por quem me rompo, exausto e só,
Ai Avatlântica!
Olhos verdes de ondas sem fim,
Por quem jurei de vos possuir,
Ai Avatlântica!
Olhos verdes sem lei nem rei,
Por quem juro vos esquecer,
Ai Avatlântica!
(Manuel Bandeira)
Olhos verdes sem dó de mim,
Ai Avatlântica!
Ondas de praia onde morais,
Olhos verdes intersexuais,
Ai Avatlântica!
Olhos verdes sem dó de mim,
Olhos verdes de ondas sem fim,
Ai Avatlântica!
Olhos verdes de ondas sem dó,
Por quem me rompo, exausto e só,
Ai Avatlântica!
Olhos verdes de ondas sem fim,
Por quem jurei de vos possuir,
Ai Avatlântica!
Olhos verdes sem lei nem rei,
Por quem juro vos esquecer,
Ai Avatlântica!
(Manuel Bandeira)
terça-feira, 15 de junho de 2010
Preciosa
Seu corpo cheira a verde.
Esmeralda! Brilha e ressona.
Olhar turvo e fundo
como o negro de uma fissura.
Pérola!
A volúpia sanguínea.
Uma aura apocalíptica
na iminência do Armagedom.
Rubi! Reluz e ressona.
Nuvem esticada no mar.
O corpo espelhado
me engana por difração.
Parece que não, mas...
Safira! Me submerge na ressonância.

Preciosa de Richard Martin Souza é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike.
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Esmeralda! Brilha e ressona.
Olhar turvo e fundo
como o negro de uma fissura.
Pérola!
A volúpia sanguínea.
Uma aura apocalíptica
na iminência do Armagedom.
Rubi! Reluz e ressona.
Nuvem esticada no mar.
O corpo espelhado
me engana por difração.
Parece que não, mas...
Safira! Me submerge na ressonância.

Preciosa de Richard Martin Souza é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike.
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segunda-feira, 31 de maio de 2010
Em labareda
Uma esfinge se abate
sob o fogo escarlate,
mas meu verso é etéreo,
não queimou seu mistério.
Ricocheteia a latrina
no argumento vicioso
que se esculpe em pedra ígnea:
meu poema é imune a fogo.

Em Labareda de Richard Martin Souza é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike.
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sob o fogo escarlate,
mas meu verso é etéreo,
não queimou seu mistério.
Ricocheteia a latrina
no argumento vicioso
que se esculpe em pedra ígnea:
meu poema é imune a fogo.

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domingo, 9 de maio de 2010
Celacanto
No fundo de qualquer mar
sempre está o celacanto a flanar,
andando e nadando e voando
no ritmo em que bem quiser navegar.
Assim, sem perder o encanto.
Não há paredes ou calçadas.
O oceano é uma avenida sem trânsito
e sem os murmúrios transeuntes.
O silêncio de sua idade
- uma era vasta tal qual o mar-,
pesa em seu corpo,
mas é vital à sua nobreza.
Só há o celacanto lá.
Sua onipresença é elusiva,
eslúvia na matiz lasciva
do abismo marítimo.
Alguém despertaria tamanho misticismo e beleza quanto um celacanto?
Nenhum humano, na certa.

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sempre está o celacanto a flanar,
andando e nadando e voando
no ritmo em que bem quiser navegar.
Assim, sem perder o encanto.
Não há paredes ou calçadas.
O oceano é uma avenida sem trânsito
e sem os murmúrios transeuntes.
O silêncio de sua idade
- uma era vasta tal qual o mar-,
pesa em seu corpo,
mas é vital à sua nobreza.
Só há o celacanto lá.
Sua onipresença é elusiva,
eslúvia na matiz lasciva
do abismo marítimo.
Alguém despertaria tamanho misticismo e beleza quanto um celacanto?
Nenhum humano, na certa.

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