sábado, 26 de maio de 2012

Beleza, ó maldição incompreendida!

Beleza, ó maldição incompreendida!
A singela tragédia bem-vista.
A luz solar dilacerando a visão.
O majestoso olho do furacão.

Beleza: o cataclismo mais querido!
Irmã da guerra, destruição e criação.
Fidelidade e traição.

Beleza: o defeito mais procurado!
Tem o inalcançável à mão.
Submete o forte pela sedução.
O fraco já não tinha chance mesmo...

Mas os já belos reconhecem a verdadeira cruz.

O real portador da treva
é celestialmente infeliz.
Estrelas curvadas a seus pés
tornam-no rei de universo vazio.
Pois o sentido do mundo
e todas as palavras proferidas
e todas as palavras imaginadas
se esgotam na pura contemplação.

O real portador da maldição
desconhece a sincera boa-vontade.
Nenhuma conversa, e nenhuma
palavra amiga é a ele endereçada.
Pois todos só dialogam
para ouvir a voz da Beleza
e todos rastejam à surreal aparência
e todos perseguem os passos luminosos
que, no entanto,
são a superfície densa
da intocável identidade.

Face à multidão apaixonada,
o belo respira solidão.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Soneto à Bondade da Lua

A bela flor do monte
ofusca a noite escura.*
Resplandesce, angélica, diante
da treva e de suas brumas.

O som de tensão é a vestal
para o lento dissipar da nuvem.
No negro profundo e virgem
desperta um farol ancestral.

Sobre um vale de sombras e lamentos,
erguem-se astros livres dos tormentos
que floresceram em nosso passado.

E o contemplar da imagem violenta
reverbera, cura a alma pestilenta.
Seu facho é, enfim, resgatado.

--------------------------------------------------------

* Versos de Jesus, do grupo musical Vozes e Acordes.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Corredor da Morte

Tem uma estrada longa.
Tão longa! Nem vejo o fim...
Ah, que adiantaria?
O real nunca é tão belo,
e o além me instiga o faro.

Então, por ela, caminharei!
Do mundo, à tangente chegarei!
Alcançar o limiar da Terra plana?
Claro! Nele, vou me pendurar!


E inicio o caminhar até a ponta,
a aventura que ferve em mim.
Já ouço a voz da euforia!
Eu sempre quis o futuro sincero
que a vida só fazia tornar raro.

Passam paisagens.
Mortes verdes, pássados amarelos,
traichoeiras límpidas e véus azuis intermináveis.

E, nas celas, pessoas e ratos,
em luta pelos últimos grãos
de dignidade.

Já vejo a saída da caverna!
A luz difusa me aguardava.
Desde o sempre, conhecia,
da vida bandida, o desfecho.

Assim que eu estiver no desfiladeiro,
meu grito ecoará nos sete mares.
E um raio muito intenso, ao me romper,
libertará minha pobre alma pra voar.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Verdadeira saúde não é se prevenir da doença, é a doença se prevenir da gente!

domingo, 21 de agosto de 2011

Aeons

Vai contar para o Paulinho
que eu vou lá pra madrugada
acender uma fogueira
e iluminar a encruzilhada.

Ah! Que solidão!
Sombras do nosso verão...

A tocha da juventude se avoluma em ti!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O Mal II

- Ei, colega, conta aí como você veio parar nesse lugar aqui!

- Um cara me empurrou lá na pista de dança, tá ligado... Aí também eu saí rebocando ele e só parei quando fulminei o maluco. Aí pô homicídio, né? Tô aqui agora, parcero. Que merda cara... ah... pô tô lembrando quando eu era criança, que os outros garotos quando tentavam me bater minha mãe entrava sempre no meio e sapecava eles. Ela é foda! Ela sempre me garantiu, mané! Pô eu me amarro nela, acho que ela gosta de mim pra cacete. Mas agora num adianta nada. Preso aqui, amor não serve pra nada.

- Você, na verdade, entrou na prisão desde quando sua mãe resolveu te defender de tudo, seu pit-boyzinho de merda. Se tentavam te bater é porque tu vacilava com eles, mermão. Esse amor de mãe é que fez tu achar que ia sair impune de qualquer coisa. Quando tu rebocou o cara, foi com suas mãos, mas quem dava os impulsos aos teus braços foi o amor da tua mãe. Quem te prendeu foi ela. Você já tava encarcerado. A vida só tava esperando tu cair numa cela de verdade, pra ver se ajeitava a cabeça da tua família.

- Porra, cumpade... nem imagino o quê que tu fumou pra tá aqui hein.

sábado, 23 de julho de 2011

O Mal I

- Judeu, mas que coragem! Você tinha muita esperança em conseguir se safar?

- Eu a vomitei antes que ela me sufocasse ou fuzilasse. Expelir o peso da espera pelo milagre foi o que me deixou leve para correr e fugir dos alemães.