sábado, 23 de outubro de 2010

Canto de um pássaro

Canta pássaro forte!
Canta até a morte!
O pássaro que canta agora
canta a vida da nossa sorte.

Lá se vai lá...
pra nunca voltar,
sem olhar pra trás.
É o nosso herói,
o pássaro capaz.

Vai voar, vai voar,
o pássaro do nunca mais.
O adeus se faz, voltar jamais.
Foi-se embora, a morte lhe cai.

Onde estás, teu corpo jaz.
Tu'alma vai pro além-mar.

Canta pássaro forte!
Canta até a morte!
O pássaro que canta agora
canta a vida da nossa sorte.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Gramado sob a Lua

A noite a brisa,
a grama o orvalho.

Deitar no coração da Terra
e possuir o inalcançável.

No universo da mente
estrelas são noivas enfeitadas.

E a Lua... ah! A Lua!

A noite, a brisa...
A grama, o orvalho,

a Lua, apenas eu e ela.
Está no céu, está ao meu lado.


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sábado, 9 de outubro de 2010

Letras na correnteza

Pra onde?
Ele vai andando nas cordas.
Procura uma nota no fim do caminho.
Não sabe, porém, que seu caminho
já trilhou toda a escarlate melodia.

Ele vai planando pelo ar.
Há dia sobre o vasto oceano.
O longínquo além confina a luz,
por baixo de panos dourados e de íris celestes,
da presença dela.

Mas a vontade dele
não é mais que um vidro quebrado,
tão frágil quanto o amor dela,
que se esgota e se desmancha.

Seria tudo isso
apenas uma mancha que se limpa?
Seria toda essa música
apenas palavras em nuvens?

Ele pressente que mais um ciclo
se findará em sua vida.
Que foi apenas uma vã epifania.

sábado, 25 de setembro de 2010

Pena

Multicolor,
de leveza transparente.
Uma lágrima colorida,
emblema de asas cinzas.

Só se vê o monocromático.
Não se ouve o levitar da ave.

Uma asa que só afoga.


















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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Engenharia Solar

Cresce verde o espinafre.
Houve de ser regado por água fresca.
Como o céu e o mar, espelhos azuis,
tem produto verde tão sem sintaxe?

Natureza, me deixas besta!

O verde, o azul, o vermelho,
o ultra-violeta, o infravermelho...
as cores se fundem e nos chicoteiam a cada beijo.

Ó, branco divino!
És produto da suprema parafernalha!

Mas nem em tão ascendente luz,
meu fascínio soturno se reduz.
À luz do nada é que se manifesta,
sem escrúpulos,
a poesia que se faz em mim indigesta.

Completamente dispensável, porém necessário.


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terça-feira, 14 de setembro de 2010

Vontade de voltar

Onde o larguei?
Deixei-o tão só...
Sim, só. Só faltei eu.
Faltei para mim. Tudo bem pra ele.

Por quais pescoços rolou?
Quais corpos mirou?
Meu pingente está vazio.
Está agora noutro cordão.

Pedra verde como íris,
troquei-a por qualquer medalhão.
Como pude? Arruinei a flama de minh'alma,
não tendo ela outra casa pra incendiar, pra fugir.

Meu pingente agora está perdido.
Perdi-o em outro universo,
e um universo se perdeu em mim.
Para sempre.

Sei o que não fiz para me casar com sua preciosidade.
Não sei o que farei para repor esse pedaço do meu ser.


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domingo, 15 de agosto de 2010

Zodíaco

O Círculo Máximo do destino,
Zodíaco é palavra de lei.
Define até a postura do rei.


Em Áries habita o terror.
Sangue borbulhante de quentura.
Hamal já deflagra a guerra
que destronará o senhor.

Touro, a força.
Aldebaran impera em seu espaço.
O que é do Touro,
dele ninguém tira.

A inteligência de dois em um
representa o esplendor dos Gêmeos.
Pollux e Castor juntos - imbatíveis.

Não há escudo melhor
que a carapaça do Câncer.
Tarf é a governanta da constelação.

Na próxima casa achamos o Leão,
o Caesar da Roma celestial.
Regulus já se mostra em esplendor,
a defender qualquer ameaça ao reinado.

Em Virgem encontramos o encanto,
a perfeição do ser imaculado.
Com pureza de brilho,
a alfa Spica se esguia pelo céu.

Mesmo no Zodíaco é necessária a Justiça.
Ninguém melhor que a Libra pra
equilibrar os horizontes.
Zubeneshamali é a estrela-guia.

Logo após, vem a surpresa.
Encontramos a Magnitude, ela mesma.
Nas garras do Escorpião conhecemos
as garras do artista dos céus.
Antares é o coração do Escorpião.

Sagitário é seu caçador.
Com a Sagita, não tem vez pra Órion.
Em Kaus Australis
encontramos sua precisão.

No Capricórnio reside o telúrico.
O magistral escalador de montanhas.
Deneb Algiedi é seu presente
aos necessitados de perseverança.

Um recipiente, prospectos do futuro.
O Aquário é divino em seu plano.
Sadalsuud é refrator de sombras.

Na última casa, o último signo.
Vai nascer num Erídano de lágrimas.
Os Peixes nadam pelos céus,
embarcados na Alpha Piscium.


No Círculo Máximo do destino,
doze cavaleiros seguem as trilhas do Sol,
e nos revelam a sorte de multidões de desabrigados,
muito além do horizonte,
muito além de tufões e furacões.

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Há, ainda, uma décima terceira constelação no Zodíaco, entre a Libra e o Escorpião. É o Ofiúco, o artista de serpentes, talvez que nem aqueles encantadores que se vê em filmes. Sua estrela alfa é Rasalhague.

Espero que tenham gostado desse pequeno passeio!!!