terça-feira, 10 de maio de 2011

Cárcere Das Almas

Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.

Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.

Ó almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

Nesses silêncios solitários, graves,
que chaveiro do Céu possui as chaves
para abrir-vos as portas do Mistério?!

(Cruz e Sousa)

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Sopro da Revelação

Ventos das arábias,
o que trazem para mim?
Serão os anúncios, enfim,
de que já se acabou esta era,
era de falácias?

Ventos das montanhas,
sibilem nestes ouvidos milenares,
que almejam o fim dos humanos pesares,
sobre a chegada da promessa
do mundo da boa-aventurança.

Ventos do sub-mundo escondido
sob o manto da consciência,
façam-me a Revelação autêntica
da vida que há num horizonte perdido.


segunda-feira, 11 de abril de 2011

Ágape da Terra

Sou uma parte da onda.
Minhas nadadeiras são as brisas.
Céu cristalino e mares tão azuis-escuros...
espectadores onipresentes da jornada sem fim
à alma do mundo.

Deus, onde estará minha morada?
"Não se esconde atrás daquela cascata,
nem sob os lençóis da areia calma.
Seu destino é o alto-mar".

E minha jangada sem fim
se lançou aos sete mares.
E foi em pleno Nada,
um ponto perdido nos horizontes,
que senti o Tudo da mãe Terra.

Em seu berço marítimo,
tornei-me uno a seu amor,
um amor tão azul e tão capaz
de abarcar o mundo inteiro num azul sem fim.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O Mendigo

Desde cedo,
jogado às baratas.
Sem sossego,
mordido... as traças.
Mas naquela alma há um coração...

As pessoas, apressadas...
você está morto, para elas.
Sonhos com fadas,
e, à espreita, a morte e sua cela.
Mas naquela alma bate um coração...

As lágrimas austeras,
canto tântrico taciturno,
exprimem o fundo de sua depressão.
A vida roubou sua fé... foi-se em vão.
Mas naquela alma sofre um coração...

Lágrimas ao chão...
Ai!

Eu que sempre o acompanhei,
eu que sempre o quis abrigar,
enfim, em seu corpo, me infiltrarei.

A maioria teme meu flamejar,
pois desconhece minha face mais cândida.
Pois, naquela alma, explode um coração.

Libertar-te-ei de sua tortura.
Quando estiveres pronto,
evoque meu nome:
Anjo da Morte.

domingo, 20 de março de 2011

Emissário da Desgraça


extravaze o magnânimo contido.

Se solos inférteis em ti desferem o atroz
há de revirá-los - libertai teu ser feroz!

Quando teu Mega Therion se expandir
Behemothes e Leviathans imersos em poder
sentirão de si a fúria perecer.

E no auge de tua megalomania
terras mares luas ouvirão teu rugido
escalando os vulcões de Ares e Titã
que dirá o ultimato do cosmo.


"SOU DEUS.
NÃO LUTAI CONTRA SUA LIBERTAÇÃO.
VENHA PARA O INFERNO,
ASSIM CONHECERÁS A LUZ
ATRAVÉS DO INCÊNDIO ETERNO
QUE DILACERA A ALMA DE TEUS IRMÃOS,
A LUZ FINAL DO DESTINO.

VENHA PARA MIM, VENHA PARA SUA CASA.
A MINHA LUZ É O SEU LAR,
É ME SERVIR NAS LABAREDAS QUE INFLAMAM
AS CINZAS DE SUA MISERÁVEL VIDA."


No instante, a plebe conhecerá tua face estranha.
Então, junto às estrelas, descenderá tua Vênus pelos céus
para ser, eternamente, o Portador da Luz.

Encerrada a batalha, tua luz será selada,
sob as profundezas dos continentes,
por Behemoth e Leviathan.


segunda-feira, 7 de março de 2011

Solitária pelo Amor

Toda a profundidade do oceano
contempla os pés de minha solidão,
meu veleiro fantasma.

Há mil anos procuro sua costa...
seu litoral. O lugar onde eu possa
abarcar minha alma e fugir
do frio cortante dos mares.

Nesses horizontes tão vastos...
em que continente estarás?
Vidas vão, vidas vem,
continuarei nossa busca
até o fim da eternidade.

Por você, que nunca encontrei,
mas de quem, no entanto, tão presente
é o acalanto! Que tanto amarei...

Preciso das tuas areias, do Sol do teu verão.
Meu pálido véu de noiva precisa
do dourado do teu pôr-do-Sol 
para assumir sua beleza.
Das tuas brisas, tuas maresias...
para se esvoaçar nos céus doravante abertos.

E, por isso, te persigo
pelo mundo, sozinha,
até o dia em que a Lua anunciará
tua morte, nossa morte, em meu seio...
e o cinza nublado se dissipará.
Nossa fundição astral.

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"I seek your coast
Your horizon...
Whispering fingertips
On dripping skin...

Feeble questions

Sounds from my throat"

(The 3rd And The Mortal)